Mês: Novembro 2019

Desafios Regulatórios na Entrada de Novos Produtos Farmacêuticos e Dispositivos Médicos no Brasil

Os maiores países da América Latina Brasil, Argentina, México, Colombia e Chile juntos representam a terceira maior economia do mundo com aumento progressivo em gastos com a saúde. No Brasil assim como nos demais países citados detacamos que crecimento da demanda por saúde, o aumento de doenças crônicas e criticas e da obesidade tornam o mercado brasileiro atrativo a investimentos estrangeiros. O Brasil por ser a maior economia da América Latina possui o mercado mais forte para comercialização de dispositivos médicos e medicamentos, e segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) é oitavo mercado de saúde do mundo se tornando grande fonte de oportunidades de novos negócios. Apesar da instabilidade econômica do país o investimento em saude e bem estar permanece como uma das prioridade para a população brasileira devido a busca pela longevidade e qualidade de vida, o que corresponde a despesas com o consumo final de bens e serviços de saúde de R$ 546 bilhões em 2015, correspondendo a 9,1% do PIB – de acordo dados do IBGE. Mesmo diante desse cenário favorável a novos investimentos fazer negócios no Brasil é um processo desafiador, a exemplo da entrada de novos produtos farmacêuticos e dispositivos médicos no país.

O processo de regulação produtos farmacêuticos e dispositivos médicos no Brasil vem a passos largos optando pela agilidade na homologação destes e transparência entre o governo, setor regulado e sociedade, de modo a viabilizar com maior celeridade a regulação desses produtos na Agência de Vigilância Sanitária – ANVISA possibilitando assim a sua rápida comercialização e melhorando a qualidade de vida da população. Entretanto,  o processo de registro na Agência de Vigilância Sanitária -ANVISA ainda é um dos gargalos que mais impactam a para comercialização desses produtos no país. Além disto, temos as altas taxas de importação de produtos advindos de países fora do MERCOSUL que não possuem acordos de livre comércio. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA desde 2018 vem adotando com maior diligência uma série de ações visando alcançar a excelência na qualidade de seus processos regulatórios através da AIR (Análise do Impacto Regulatório), onde realiza a gestão de riscos dos seus processos com foco em resultados de excelência, o que foi evidenciado no Guia de Análise de Impacto Regulatório com o novo modelo de gestão. A partir de 2021 todos os processos administrativos de regulação deverão obrigatoriamente estar sujeitos às diretrizes preconizadas no novo modelo de processo regulatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.. Em relação a altas tarifas de importação recentemente, em setembro desde ano, o Ministério da Economia reduziu a alíquota de impostos de importação para equipamentos médicos sem produção similar no país, incentivando o registro e a entrada de novos produtos médicos no país. O mesmo ainda não aconteceu para para produtos farmacêuticos.  

Os desafios regulatórios na entrada de novos produtos farmacêuticos e de dispositivos médicos  no Brasil são diversos aqui citamos alguns deles, e sendo o Brasil um mercado tão promissor não-ignorável com muitas possibilidades deve-se realizar um estudo de mercado com foco na área de atuação, busca de parceiros ideais para distribuição do seu produto tanto para sua empresa quanto para seu produto, utilizar como recurso empresa locais capazes de gerenciar a comercialização e manutenção regulatória do seu produto no pós-registro, e sempre para melhores resultados dos seus projetos ter plano estratégico, cronograma, orçamento e disciplina.

 

Referências

OMS – Organização Mundial de Saúde

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística

Importância da Comunicação em Compliance na Saúde

Uma comunicação clara, eficiente e segura é fundamental à Compliance na Saúde. Esta comunicação poderá ser feita a diversos níveis, nomeadamente, entre prestadores e reguladores a nível nacional e internacional, entre entidades privadas e entidades públicas, ou mesmo entre profissionais de saúde e associações, quer profissionais quer de doentes.

A comunicação entre prestadores e reguladores a nível nacional e internacional garante, por exemplo, que dados de farmacovigilância sejam recolhidos permitindo a utilização segura do medicamento. Poderá igualmente iniciar e permitir processos de utilização excecional de medicamentos.

A comunicação entre entidades privadas e públicas reveste-se de particular importância quando a mesma ocorre entre a indústria farmacêutica e as entidades reguladoras, permitindo o início e o seguimento do processo de registo de medicamentos e dispositivos médicos. Quando mais eficiente for esta comunicação, mais célere será o processo e mais depressa os produtos necessários aos pacientes estarão disponíveis no mercado. A comunicação entre entidades privadas como laboratórios e o Estado tornará possível o processo de comparticipação do medicamento ou da avaliação prévia do dispositivo médico, de modo a que o paciente apenas pague uma percentagem se se demonstrar que existe valor acrescentado na sua utilização. Além destas situações, a comunicação entre os hospitais e o fabricante permite também o reporte de reações adversas a medicamentos. É relevante referir o Regulamento Geral de Proteção de dados da União Europeia (RGPD), efetivo desde 2018, obriga a industria farmacêutica, fortemente dependente de dados clínicos e da sua partilha, a armazenar, arquivar e partilhar toda a informação clínica de acordo com os trâmites rigorosos do RGPD. Isto gera algum conflito já que a indústria depende destes dados, mas também porque existe necessidade de manter os mesmos na eventualidade da existência de uma auditoria. O não cumprimento deste regulamento poderá implicar uma multa até 4% das receitas globais. 

Por fim, as associações de classe poderão assegurar a comunicação de legislação, notícias e eventos aos profissionais de saúde seus associados. Já a comunicação de associações de doentes com os profissionais de saúde, poderá permitir a identificação de necessidades específicas por colmatar, a serem tidas em conta nas tomadas de decisões.

E quais serão os melhores canais de comunicação em Saúde? Na Era Digital não podem ser descurados o email, os sms, os portais online, os social media, os blogues e os websites. No entanto, métodos mais tradicionais como o telefone e até mesmo a carta são ainda bastante utilizados. Mas mais importante que o canal de comunicação, será garantir que a comunicação é eficiente, garantindo a transmissão da mensagem correta ao seu destinatário.

A comunicação em Saúde tem também que ser segura, garantindo não só a proteção de dados dos intervenientes, mas também protegendo a propriedade intelectual/industrial.